segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Reflexo



Ela não sabia se definir...
A escuridão a sua volta não era formada por sombras e sim por ausências...
Era para ela aterrorizante a idéia de ter que encarar a própria face no espelho...
Quando ela falava nisso, as pessoas riam e diziam que ela ainda era muito nova pra ter medo de espelhos...
O problema não era a face ( e isso que não entendiam), o problema eram os olhos, onde ela enxergava toda sua loucura... Aqueles olhos sempre procurando alguém dentro dela e nunca encontrando nada que valesse a pena...

Aqueles mesmos olhos castanhos claros que um dia encontraram um par de olhos verdes...
E eles brilharam! Estavam brilhando para ela...
E aquele desconhecido par de olhos parecia enxergar algo bom dentro dos tristes olhos castanhos...
E os olhos castanhos se encantaram e quase cantaram uma canção, na melhor explicação sorriram com o olhar, sem ao menos pedir emprestado a boca suas funções...

Agora os olhos castanhos vivem de olhares hora profundos, hora alegres, hora libidinosos, até triste de vez em quando...
Mas sempre se olhando dentro daqueles olhos verdes. Sem espelhos.
Porque é naquela imensidão esverdiada que os olhos castanhos souberam ver a própria alma refletida.
E gostaram do que viram...