quarta-feira, 4 de dezembro de 2013


Queime-a!
Deixe que as labaredas purifiquem toda essa podridão que ela trás dentro de si...

_ Era uma menina tão boa!

Exclama a velhinha que sempre a via passeando em seu vestidinho xadres sorrindo e até cumprimentando estranhos...

Mas aquela era só a máscara, ela dormia com os mortos... não por prazer ou por gostar do odor da morte... não eram os mortos deste mundo...

O verdadeiro problema é que ela já estava morta há algum tempo...

Perdida numa terra de ninguém... sua loucura aumentando... ela gritava, mas os gritos eram sufocados por sorrisos impostos por padrões que ela odiava, e as lágrimas apenas realçavam o brilho no olhar...

Poderia ter sido assim para sempre...
Até aquele dia...
Aquele fatídico dia, em que ela começou a vomitar todas as suas verdades e o que pensava...

_E fodam-se todos vocês! Só me dê mais um cigarro...

O vomito negro cheirando a carniça sujou a bela cidade que não tinha espaço para aquela criatura que andava a noite vestida do mais escuro negro, cabelos curtos mal cortados e maquiagem borrada...

Era um enigma que ninguém se importava em resolver... Ela e suas dores... Ninguém se importava...

E sendo assim...

QUEIME-A gritaram as vozes....

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Reflexo



Ela não sabia se definir...
A escuridão a sua volta não era formada por sombras e sim por ausências...
Era para ela aterrorizante a idéia de ter que encarar a própria face no espelho...
Quando ela falava nisso, as pessoas riam e diziam que ela ainda era muito nova pra ter medo de espelhos...
O problema não era a face ( e isso que não entendiam), o problema eram os olhos, onde ela enxergava toda sua loucura... Aqueles olhos sempre procurando alguém dentro dela e nunca encontrando nada que valesse a pena...

Aqueles mesmos olhos castanhos claros que um dia encontraram um par de olhos verdes...
E eles brilharam! Estavam brilhando para ela...
E aquele desconhecido par de olhos parecia enxergar algo bom dentro dos tristes olhos castanhos...
E os olhos castanhos se encantaram e quase cantaram uma canção, na melhor explicação sorriram com o olhar, sem ao menos pedir emprestado a boca suas funções...

Agora os olhos castanhos vivem de olhares hora profundos, hora alegres, hora libidinosos, até triste de vez em quando...
Mas sempre se olhando dentro daqueles olhos verdes. Sem espelhos.
Porque é naquela imensidão esverdiada que os olhos castanhos souberam ver a própria alma refletida.
E gostaram do que viram...

domingo, 2 de junho de 2013

Que horas são?




Ele chega
Já é de manhã, ou quase... estou perdida nas horas...
Só sei que sou arrancada violentamente do sono pelos seus braços fortes
Sinto minha cintura sendo puxada e meus joelhos dobrarem...
"Engole tudo"
É tudo que ele diz... e eu faço sem debater ou mesmo questionar...
Ele pensa que me maltrata, mas mal sabe que por dentro da princesa existe uma meretriz, sedenta por estar envolvida em seu suor e porra...
Me vira e sinto a pressão dentro de mim, não posso evitar os gemidos... ele está me segurando com tanta força... respire fundo...
Ele me inunda e se deixa cair ao meu lado... como um gato procuro seus afagos depois de ser usada... ele me envolve em seus braços e volto ao meu sono que ainda não descobri se tirado a noite ou ao dia...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Apostasia por instantes - a aposta



Lá estava ela... Estagnada num daqueles pós términos que deixam a pessoa mal e sem chão...
Foi quando ele apareceu.
Ela havia acabado de tomar um vidro de antidepressivos e gritava ao mundo sua aposta com Deus: " Se tem algo de bom pra mim, me mostre agora e me salve de mim mesma... caso contrario simplesmente me deixe ir em paz..."
A noite foi longa...
Tubos pelo nariz e na garganta, até que as capsulas fossem parar fora dela...
Ok... havia perdido a aposta...
E quando pensou que o mundo não era mais o seu lugar, lá estava ele...
Não era um ser perfeito como uma estátua de cera... tinha cicatrizes e também andava meio perturbado com a imensidão do mundo...
E o vazio dele tocou o vazio dela...
Não porque era igual, mas porque ela quis preenche-lo...
A dor dele era mais insuportável para ela do que sua própria dor...
E ela ansiava por suas palavras como um tigre faminto...
E ele se aproximou... mesmo sabendo de suas loucuras e suas feridas... Ele se aproximou...
E ao preenche-lo ela também foi preenchida e não quis mais fazer aposta nenhuma... Sentiu-se grata por ter perdido e pela primeira vez em muito tempo acreditou que existia algo maior e um lugar pra ela nesse plano...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Meu amor

São cinco e meia da manhã...
Meu amor está dormindo...
Eu tenho a vontade impulsiva de ligar só pra ouvir sua voz sonolenta me dizendo qualquer coisa... um oi, ou um resmungo qualquer
Tenho vontade de sair andando até meus pés sangrarem só para chegar onde ele está e sentir sua respiração...
Sua voz de espanto ao me ver chegar do nada...
É realmente isso... 
Chegar do nada...
Chegar do nada a que se resumem meus dias sem ti...
Um nome... que me faz querer viver só para ouvir sua respiração...
Lukas...

terça-feira, 19 de março de 2013

Venha para mim

O timbre da sua voz...
A trilha sonora da minha vida composta por teus risos e gemidos em meio as madrugadas...
Venha para mi
A frase tão dita que na banalidade de sua pronuncia não revela a necessidade que tenho de ti aqui... comigo...
A pose de quem não quer nada enquanto espero que saia do banho e venha para mim...
Tai! Mais uma vez a frase...
Então não pense, apenas sinta e venha para mim...

terça-feira, 5 de março de 2013

Antítese (L)


O fim clichê é sempre o mesmo, ama e do amor uma hora chega ao ódio...
Mas com que emoção e alegria (pra não mencionar a dose acentuada de luxúria) descubro que o ódio pode virar amor latente...
Pequenas doses de adrenalina ao me aventurar pelas chamas claras que são teus olhos, teu corpo...
Um lobo solitário?
Venha, vamos ser uma alcatéia...
Duas peças jogadas ao vento que nada tinham de comum ou incomum... Duas metades que talvez não se encaixassem tão certamente...
Venha... uive a noite e seguirei tua voz...
Gemidos... que inundam minha mente...
Venha...
Sorve-me todo e no dia seguinte abraça-me e sussurra pra mim que já não estou mais só...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mas são tão pequenos!

Como chegamos aqui?
Não era o "felizes para sempre"?
Pequenos pedacinhos de promessa de não sentir mais dor... essa dor...
Pequenos comprimidos que comprimem a esperança de se libertar...
A água desce pela garganta...
Está feito...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Minha Boneca de Porcelana

Amor... O que é o amor...
É isso que sangra e que me leva a suspiros roucos chamando teu nome?
Minha boneca de porcelana... Branca como a lua...
Irradia o luar e assombra o coração dos homens...
Minha boneca de porcelana...
Assombra meu coração com ilusões que rezo se concretizem...
Aquela que amo e que nunca toquei...
Um beijo?
Todo frenesi de um beijo desejado mais que tudo...
Um carinho... Ouvir a voz que ronrona do outro lado da linha...
Tão distante e tão próxima...
Minha boneca de porcelana... não caia da estante... de cacos já bastam os do meu coração...
Junte-os com estas mãos pequeninas e deixe-o pulsar mais uma vez entre seus dedos...
Porque é contigo que ele quer estar para sempre...



-------------------------------para minha boneca Karina